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Channel: Viagens – se essa lua fosse minha
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Uma aventura pela misteriosa Ilha da Páscoa

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É verdade que já fazem muitas “luas” que não apareço por esse meu querido cantinho virtual… Saudades, muitas saudades daqui e das pessoas tão estimadas que me acompanham nesse meu pequenino espaço das ondas da internet…

Mas com certeza, o motivo dessa minha ausência tem o seu valor especial, uma vez que dias de uma linda aventura nos levaram à uma região maravilhosa desse nosso amado planeta, e se apossaram do meu tempo real.  Dias de uma verdadeira jornada pelos encantos de uma área fabulosa, repleta de mistérios,beleza e cultura, na imensidão do Oceano Pacífico…

Sim, e foi para lá que fomos em meados deste terno outubro, numa viagem fantástica, motivada pela celebração, minha e de meu marido, de nossas “bodas de prata” .Pois o tempo voa mais depressa que pensamos, e a impressão é a de que nos casamos ainda outro dia desses… (Rs…)

E enfim, conseguimos realizar mais este sonho encantado de conhecermos um pouco da região do globo chamada de “Polinésia”, onde inúmeras ilhas esculpidas com extrema maestria pela ação da natureza e do tempo, seduzem os olhos e os sentidos de todos os viajantes… Verdadeiros paraísos terrestres!

E foi no Chile, à exatamente 3.700Km da costa chilena, que realmente iniciamos esta bela e surpreendente aventura, numa pequena ilha vulcânica, de formato quase triangular, chamada  “Ilha de Páscoa”, ou seja , a famosa e misteriosa  ilha conhecida em todo o mundo por seus incríveis tesouros arqueológicos…Um lugar onde nenhuma pessoa, tipo “Indiana Jones”, poderia colocar defeito! (Rs…)

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Chamada de “Rapa Nui”  (que na antiga língua local significa “Terra grande”) desde tempos imemoriais, também é conhecida como “umbigo do mundo”,segundo as suas lendas e tradições. E apesar de ser uma área do território chileno, culturalmente e geograficamente, ela pertence à Polinésia e seus costumes e antigas estórias remontam aos seus ancestrais que vieram de outras distantes ilhas do Oceano Pacífico, colonizando e desenvolvendo uma cultura genuína pelos seus marítimos caminhos.

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Segundo os estudiosos no assunto, o povo polinésio teve a sua origem nas populações humanas que originalmente habitavam a região do sul da Ásia, possivelmente onde hoje se localiza a Indonésia, onde eram mestres da navegação e da tecnologia das chamadas canoas à vela, que deram origem às atuais embarcações chamadas de “catamarãs”.

Possivelmente, segundo estudos arqueológicos, os polinésios chegaram à Ilha da Páscoa por volta dos anos 300 à 400 da era cristã, colonizando a área onde floresceria uma civilização original, isolados de influências externas,uma vez que a ilha é considerada uma das regiões mais isoladas do planeta.

Em 5 de abril de 1722, ela foi visitada pelos navegadores europeus, numa excursão marítima liderada por um holandês chamado Jacob Roggeveen, que a batizou de “Ilha da Páscoa” em referência ao dia em que estes europeus primeiro pisaram em suas terras.

Mas no ano de 1888 ela foi anexada ao território chileno, quando logo a usaram como território para a criação de ovelhas. E na sua ânsia de lucro, transformaram seus habitantes polinésios na condição de praticamente escravos para os interesses da elite do continente… Um triste destino para um povo acostumado a ser livre e dono de seus mares!

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Depois de revoltas e muitas lutas contra a exploração humana da ilha, finalmente, em 1966 , os seus habitantes foram realmente declarados “cidadãos chilenos” e passaram a ter os seus direitos pátrios assegurados.

Mas com certeza, o grande tesouro da Ilha de Páscoa está guardado nos seus mistérios ancestrais, na sua natureza de beleza bruta vulcânica e na riqueza do seu legado cultural de uma civilização antiga e extraordinária. Tudo isso emoldurado pelo seu maravilhoso conjunto arqueólogico, único em todo o mundo, cuja expressão maior está na figura de seus famosos “Moais”: Imensas estátuas de rochas vulcânicas, esculpidas à partir de um dos vulcões da ilha, chamado “Rano Raraku”…Uma verdadeira obra-prima de um povo que desconhecia a roda e nem possuia ferramentas de metal, que nos fascina e nos surpreende pelos seus mistérios!

 

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Então, foi com a alma e os olhos bem abertos, movidos pela curiosidade e fascínio, que aterrisamos neste admirável pedaço de terra vulcânica, perdido na imensidão do azul oceânico. E pela rusticidade do aeroporto, já notamos que ali era mesmo uma terra de gente simples, mas donos de  uma cultura genuína, o que para nós se acenava como uma  promessa de um dia repleto de autenticidade!

E bastou mesmo pouco tempo para que encontrássemos aqueles verdadeiros ícones da cultura “Rapa Nui”… Os famosos “moais” de pedra, eternos e fiéis sentinelas do tempo nos seus altares à beira mar!

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Para mim, até hoje, é difícil descrever a emoção de ver de tão perto esses gigantes de pedra vulcânica, lendárias figuras que habitavam o meu universo adolescente, desde que eu era uma menina de 13 anos….

E lembrei-me, naquele momento especial, desse surreal encontro do “passado polinésio com o meu presente ocidental”, de quanto sempre me pareceu ser tão difícil ir até aquele ermo lugar e visitar aqueles magníficos “gigantes”, cuja natureza pétrea e humana, desafiam até hoje a imaginação de tantos estudiosos e místicos do nosso tempo… Mas o fato era de que eu estava realmente ali, naquele lugar especial…E não era um sonho!!!!

 

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Mas afinal, quantos segredos e estórias guardam estes rostos impassíveis de pedra, diante das intempéries do tempo?

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Segundo estudos mais recentes, esses famosos “gigantes de pedra” ou “moais” representam uma homenagem aos líderes das tribos que ali viveram, possivelmente seus chefes, sacerdotes ou grandes guerreiros.  Todos eles estão localizados sobre os chamados “ahus”, uma espécie de altar sagrado, na sua imensa maioria, de costas para o mar… Na certa, são mesmo os eternos vigilantes,  que zelam através dos séculos pelo seu corajoso povo…

Todos foram feitos por volta de 1200 à 1500 anos da era cristã, pelo povo “Rapa Nui”. Suas alturas variam entre 4.5 à 6m, embora existam ainda alguns com quase 20 m, com peso variando entre 1 à 27 toneladas… Dados realmente fantásticos, quando nos lembramos da simplicidade desse povo valente e antigo…

Ao todo, existem espalhados pelo litoral da ilha ,cerca de 800 “moais”… Alguns deles ficaram incompletos, e “dormem”, como que esquecidos,  encravados nas entranhas das paredes da cratera, do também adormecido, vulcão… Testemunhas silenciosas do apogeu e do declínio desta curiosa civilização…

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Mas para além dos misteriosos “moais” e  de seus enigmas, a ilha está cheia de vibrantes detalhes, que traduzem as lutas e as dificuldades de adaptação, de seus moradores e de sua natureza, à inclemência das águas frias de suas praias e de seu solo poroso e vulcânico…

A água doce é pouco abundante, e houve devastação,no seu passado, de suas florestas…

Mas a vida continua plena e guerreira, na sua luta diária contra o vento e as correntes frias marinhas… Numa briga eterna contra a solidão desse imenso e profundo mar azul…

E há ainda flores lindas pelas ilha, sobretudo na forma de seus vigorosos hibiscos, que eu e o povo polinésio tanto amamos…

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Enquanto atravessamos e cortamos pelo interior da ilha, outras flores exóticas vão se revelando…

Plantas que nunca vi antes chamam a minha atenção por vários lugares, e a visão e a imaginação vão voando, para muito além dos nossos pensamentos…

 

DSCN3270Sempre uma pequenina surpresa, para os olhos daqueles que sabem buscar por uma novidade…

DSCN3385Pelo caminho, passarinhos desconhecidos me encantam o coração…

Será que eles sonham em um dia voar para além desta vulcânica ilha e conhecer novas terras e o continente?

Ou talvez estejam eternamente presos à esta estranha magia “Rapa Nui”, como os seus imensos “moais”,neste lugar tão isolado  do nosso planeta?

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E nós, divagando em nossos pensamentos, vamos pegando uma trilha, ascendendo à parte mais alta da ilha, que não passa de seus 500 e poucos metros de altitude…

Lá em cima, uma placa revela a importância dessa ilha tão genuína…”Patrimônio da humanidade”!

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No alto, uma parte da ilha revela a sua imensa beleza natural e o horizonte nos parece ser o limite, mas na realidade, ele era mesmo o destino e o verdadeiro desafio desse valoroso povo polinésio, e inspiração para as suas extraordinárias aventuras oceânicas…

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Outra placa no caminho, nos resume a importância histórica daquela ilha de tantos mistérios e riquezas arqueológicas… Impossível a gente não se sentir tocado pela atmosfera encantadora deste lugar único na Terra…

Mas a tarde declina e é momento de voltarmos à beira do mar…

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Então, nós, pequenos viajantes do tempo, estrangeiros nesta ilha remota do oceano pacífico, que muitos nem sabem da existência, nos emocionamos diante deste mar azul e do vigor de suas ondas…

Pois nos é impossível ficar imune à  imponência desse litoral de pedras vulcânicas, moldado pelas forças poderosas da água, do vento e do fogo, desde tempos imemoriais…

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Assim como nos será impossível esquecer deste pedaço de terra tão distante de nós e de seus “moais” imensos e misteriosos…

Terra que zela pelos seus guardiãos silenciosos e luta para preservar a história de um destemido povo polinésio, que desafiando a impetuosidade da natureza, aprendeu a fazer do mar a sua estrada e da força da terra, a sua aliada…

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E eu sei que com o passar do tempo, na correria do nosso cotidiano, a distante “Rapa Nui” nos parecerá ainda mais distante… Como um lugar mágico,saído de um iluminado sonho de adolescente, perdido numa foto empoeirada…

Mas também sei, com certeza, que nos enconderijos mais preciosos de nossas lembranças, ela será, para sempre, a “ilha encantada”, e uma das grandes ilhas da maturidade das nossas mais belas memórias…

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Nosso abraço imenso e iluminado no coração de todos!!!

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