Tarde incrivelmente morna aqui no nosso recanto carioca. Céu azul,brisa suave e temperatura tão agradável… Penso cá com meus botões, será que o nosso inverno se incomodou, resolveu fazer as “malas” e foi soprar o seu vento gelado em outro lugar? (Rs…)
Então, como resistir à esse finalzinho gostoso de tarde, com essa luz dourada se espalhando pelo jardim e os papagaios do mato cantando as suas engraçadas cantigas?
Bastou-me o pretexto de molhar as plantas (os dias estão secos novamente), e quando me dou conta, lá estou eu sentada, diante da pequena mesa do jardim, folheando um livro e me refrescando com uma caneca de suco de uva… Pura delícia, no meio de uma tarde morna de inverno!
Mas este livro que me acompanha hoje, é um livro muito especial… Um pequeno objeto, que quando manuseio, me traz sempre um imenso encantamento, e uma genuína alegria… O nome dele é “Flowers of the Amazon Forests”(no nosso português: “Flores da Floresta Amazônica”), uma linda publicação inglesa, de capa dura e folhas brilhantes,da encantadora ilustradora botânica Margaret Mee.
Mas não se desesperem aqueles que não dominam a língua inglesa,pois para se encantar com ele, basta ter olhos bem abertos para poder apreciar as suas maravilhosas ilustrações e a arte admirável da sua incrível autora…
E para quem ainda não conhece, Margaret Mee nasceu na Inglaterra em maio de 1909, onde estudou artes em Londres. Sempre impressionada com a beleza do mundo vegetal, acabou vindo parar aqui no Brasil,em 1951, onde acabou se estabelecendo…Primeiro em São Paulo, e depois aqui na nossa cidade maravilhosa…
Se tornando,sem dúvida, um grande presente para nós, brasileiros.
Com seu jeitinho suave de dama inglesa, esta impressionante e corajosa artista, viajou durante 30 anos (15 expedições botânicas) pelas florestas tropicais brasileiras (principalmente pela floresta amazônica) registrando, em suas delicadas e extraordinárias aquarelas, parte da memorável e magnífica flora do Brasil.
( foto de Margaret Mee ( da Net ), durante suas expedições à região amazônica)
Com uma sensível habilidade artística e científica, Margaret geralmente desenhava as plantas no local aonde elas viviam, e mais tarde, usava de aquarela e guache para o aprimoramento de suas belas ilustrações.
(Planta amazônica Gustavia augusta,rio Gurupi-Pará)
Com sua preciosa coragem, e espírito de aventura, desafiou os perigos das matas fechadas. Desbravou rios,igarapés e os labirintos de arquipélagos fluviais… Todo esforço possível para encontrar e desenhar as plantas raras e exóticas destas nossas florestas.
( Planta Heliconia chartacea, Uapés-Mato Grosso )
E foi a sua enorme paixão por bromélias,orquídeas,cactáceas,helicônias e tantas outras belas famílias de plantas, que a levou tão longe e deixou registrada nas suas lindas pinturas, a beleza e
os ricos detalhes de cada espécie…Muitas até à beira da extinção! (orquídea Cattleya violacea, próximo à região do Pico da Neblina)
Nessas suas aventuras, ela ainda descobriu plantas desconhecidas pela Ciência . Um trabalho excepcional que traduz a nossa exuberante riqueza botânica,que muitos nem conhecem…
( Bromélia Aechmea rodreguesiana, nas proximidades de Manaus)
Ativista da natureza, ela foi uma das primeiras a levantar a sua voz contra o desmatamento de nossas florestas e outros ecossistemas. Ela própria sabia o quanto a nossa flora e fauna estava ameaçada… Sempre dizia que a parte mais importante do seu trabalho era registrar as espécies,antes que elas desaparecessem, e quem sabe ajudar a despertar a consciência ecológica e de preservação às nossas futuras gerações…
( As margens do rio Negro e a floresta equatorial que ela tanto amava)
Apaixonada por suas amadas plantas e flores tropicais, chegou à procurar durante anos, pela chamada “planta da flor da lua” ( ”moonflower”) que existe apenas na floresta amazônica, e só floresce uma única noite durante o ano…
Finalmente, depois de tantos anos de tentativas, em 1988, Margaret Mee conseguiu registrar essa admirável flor, numa noite clara, próximo ao rio Negro,em plena floresta amazônica… Um verdadeiro milagre da vida! Ela acompanhou, e desenhou pacientemente, a rara e delicada flor que se abriu suavemente nas primeiras horas da noite , desabrochando em sua plenitude à meia noite ,para depois murchar para sempre diante dos primeiros raios de sol…Uma rara e pura poesia da natureza!
(Uma bela cactácea, a rara e exótica “flor da lua”, Selenicerus witti, às margens do rio Negro)
Infelizmente,neste mesmo ano, de volta à Inglaterra, para uma exposição de seus últimos trabalhos, Margaret Mee sofre um grave acidente de carro, e não resistindo,parte deste mundo aos 79 anos , deixando um pouquinho mais triste as nossas queridas florestas… Um destino curioso da vida, para quem tantos riscos correu em suas aventuras amazônicas…
Mas mesmo após seu falecimento, o espírito artístico de Margaret Mee ainda está muito vivo, na forma da “Fundação Margaret Mee”,com uma sede no Rio de Janeiro e outra em Londres… Organizações voltadas para o ensino e incentivo do desenvolvimento de novos ilustradores botânicos.
(Margaret Mee em plena mata amazônica, desenhando a planta da “flor da lua”)
E eu aqui, ainda sob o encanto dessas imagens lindas, espero que vocês tenham gostado dessa minha pequena viagem pelas belíssimas ilustrações botânicas de Margaret Mee , e que a beleza extraordinária de nossas flores tenha também encantado os seus corações e trazido um suave e doce perfume de primavera!
Meu abraço carinhoso e florido para todos!!!!
Teresa
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